Li em algum lugar esses dias que o deserto não é o lugar da solidão, mas o lugar do encontro. Encontro meu comigo mesma. Encontro meu com Deus.
Na realidade, eu coloco a "culpa" desse meu encontro comigo mesma com o fato de estar também me encontrando com Deus: se estou perto da luz fico exposta, sem disfarces, sem sombras. Me deparo com o que há de melhor e pior em mim.
E esses dias eu comecei a sentir uma inquietação muito grande. Porque comecei a perceber algo sobre mim que eu detestava, que me assustava e que talvez estivesse escondido: a futilidade. Pois é...logo eu, que sempre fiz discursos tãaao inflamados contra isso, que tenho que me policiar pra não olhar torto pra pessoas que eu considero fúteis... ironico, não?!
Eu relaciono futilidade com superficialidade. Pra mim, as pessoas fúteis são superficiais, ou seja, não são profundas. E não digo isso em relação a discursos, ou a conhecimentos acadêmicos, até mesmo teológicos... digo em relação ao ser. Ao ser por inteiro. Ser GENTE integralmente, verdadeiramente.
Jesus foi um homem profundo. Ele era HUMANO, um humano que o mundo jamais verá igual. Seu coração, seus valores, seu estilo de vida, seu relacionamento com o Pai e com os homens... seu amor... havia profundidade em todo o ser dele. Seu discurso foi simples, direto... e profundo. Suas palavras iam direto ao coração das pessoas e geravam luz, transformação no interior delas.
Como o maior objetivo da minha vida é ser como ele, eu sempre tive aversão à pessoas e assuntos que eu considerava fúteis. Pois é... que EU considerava. Como se eu pudesse determinar esse padrão e julgar os outros, como se eu pudesse determinar o que se espera de alguém fútil... entãaaao.... comecei a perceber essa coisa que eu tanto abomino, existe dentro de mim.
Foi difícil admitir. Mas aí, ontem à noite, Deus me deu uma palavra. Quero colocar aqui pra compartilhar e pra lembrar depois também:
"O Senhor conhece os pensamentos do homem, e sabe como são fúteis.
Como é feliz o homem a quem disciplinas, Senhor, aquele a quem ensinas a Tua lei, tranquilo enfrentará os dias maus, enquanto que, para os ímpios, uma cova se abrirá." (Sl 94: 11-13)
" Quando eu disse: os meus pés escorregaram, o teu amor leal, Senhor, me amparou.
Quando a ansiedade já me dominava por dentro, o teu consolo trouxe alívio à minha alma." (Sl 94: 18-19)
" Mas o Senhor é a minha torre segura; o meu Deus é a rocha em que encontro refúgio." (Sl 94:22)
Nós, nós todos, até você aí que tá lendo esse post, somos superficiais por natureza. Fúteis mesmo. Naturalmente pensamos em nós, em nossos interesses, temos a forte tendência de olhar pra Deus como o gênio da lâmpada, que serve para conceder os desejos do nosso coração.... todos nós queremos naturalmente ser bem vistos pela sociedade, admirados, elogiados... nossa naturea é essa e, por mais que queiramos fugir, volta e meia ela se escancara bem na nossa frente, pra nos lembrar de onde viemos.
Então, depois de ler esse texto, eu percebi que Deus será sempre o meu refúgio nesses momentos em que essa dura realidade vier diante de mim. E que sim, qualquer esforço que eu possa querer fazer no sentido de não ser essa pessoa fútil, é inútil. Sim. Inútil.
Porque preciso Dele... do poder Dele. E é só sendo amiga Dele, cada vez mais, que vou ser cada vez mais como Ele. E posso descansar, pois Ele não se decepciona comigo e nem espera que eu seja diferente: como disse o texto, Ele sabe a futilidade que há em mim e sou muito feliz por ser disciplinada por Ele. E quando a ansiedade e o cansaço pela caminhada vierem, eu tenho uma rocha, um refúgio, que está sempre de braços abertos pra me receber exatamente como estou.
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