A menina da foto sou eu, toda paramentada, quando tinha acabado de chegar ao topo do vulcão Lascar, maior desafio que encarei até hoje. Estava exausta mas muito feliz! Foi nas férias desse ano, mês passado, quando fui para mais uma aventura: viajar sozinha para o deserto do Atacama, no Chile. Que experiência fantástica!
A subida era muito dificil pois se tratava de um solo super irregular, cheio de pedras que faziam nosso pé afundar em vários momentos. A escalada começava a aproximadamente 4500 m de altitude - na base do vulcão já era difícil de respirar. Não podíamos parar de andar, pois nosso corpo precisava estar adaptado às condições que o ambiente impunha e as paradas tinham que ser estratégicas e direcionadas pelos guias.
E ali começou um momento de muita paciência, muito auto conhecimento e respeito a mim mesma e aos limites que o meu corpo impunha na velocidade da caminhada. Precisava estar atenta à minha respiração, aos lugares onde pisava, às orientações dos guias... e principalmente, NÃO PARAR DE ANDAR. Por menores que fossem os passos - e muitas vezes eles era pequenos MESMO - eu precisava continuar andando. E precisava continuar ACREDITANDO que conseguiria chegar no meu destino, mesmo que demorasse muito, mesmo que demorasse muito mais que os outros. Haveria sempre um guia comigo independentemente do lugar que eu estivesse no caminho, ou seja, eu NUNCA ESTARIA SOZINHA. Sempre teria alguém ali comigo, me acalmando e dando as coordenadas necessárias. Eu só precisava CONFIAR e OBEDECER.
E assim foi. Com muita PACIÊNCIA e sempre andando, sempre determinada e com muita CALMA, de passinho em passinho eu fui chegando. Sempre que a ansiedade chegava - eu a reconhecia porque meu coração começava a disparar e me faltava o ar, que já era muito escasso naquela situação - eu precisava respirar fundo, andar um pouco mais devagar e mentalizar que não importava a demora, porque eu tinha TODO O TEMPO DO MUNDO. Cedo ou tarde eu chegaria e já estava sendo maravilhoso. Olhava em volta e via vistas lindas, estava vivendo aquilo com uma galera super bacana que tinha conhecido lá, estávamos todos tentando nos superar a cada passo, nos ajudando... eu já estava sendo feliz, porque estava APROVEITANDO O MOMENTO, cada momento.
Quando o fim foi chegando eu fui ficando ansiosa, e aí pareceu que o tempo estava passando mais devagar. Foi preciso muita força pra não desistir na reta final... mas enfim, o caminho chegou ao fim. Cheguei. E dei de cara com uma das vistas mais impressionantes que já vi: uma imensidão colorida, as cores da cratera se misturando com a terra do deserto ao fundo, as pedras mais escuras em volta... e a sensação única de: consegui! Deu certo! O que antes parecia muito distante estava ali diante de mim, e as pessoas que eu antes julgava serem mais capacitadas que eu a fazer aquilo estavam ali ao meu lado, vivendo o mesmo que eu, mostrando pra mim mais uma vez que não tem porque me colocar tantos limites e duvidar sem antes tentar.
Poderia escrever um livro sobre as lições daquele dia... a forma como essa experiência veio para solidificar aprendizados tão importantes que vieram nesse ano de 2016 faz meu coração transbordar de gratidão e meus olhos se abrirem ainda mais. A vida está acontecendo aqui e agora em toda a sua plenitude e eu preciso estar atenta a ela. Estar PRESENTE, inteira, em cada passo. Mesmo que as condições não sejam totalmente perfeitas, mesmo que eu não me considere inteiramente preparada... é preciso ENFRENTAR. Com CORAGEM, FORÇA E FÉ. Vivendo UM DIA DE CADA VEZ, um passo de cada vez, aquietar, continuar.
E que venha mais um ano com muita VIDA.
"(...) eu vim para que tenham vida, e a tenham PLENAMENTE" (João 10:10)
