Conforto.


Desde que comecei a minha caminhada cristã, ouço muito uma expressão: zona de conforto.
Depois percebi que essa frase não é dita só no contexto cristão, mas em vários: profissional, familiar, relacional... em todas as áreas da nossa vida existe ela, a tão famosa zona de conforto.

Tá. Eu pensava: o que seria essa zona de conforto, então? Ficava refletindo sobre isso algumas vezes... ouvia as pessoas dizerem que se eu quero crescer, amadurecer, aprender, eu precisava deixar essa zona de conforto. Bom... pensar em deixar algo confortável sempre é difícil, não é?! Mas uma coisa eu sabia: não queria ser gente pela metade, nem uma pessoa quase feliz nem quase completa. Se pra viver o máximo de plenitude de vida possível eu tinha que deixar essa tal zona de conforto, eu pensava: ah, então que eu a deixe de uma vez!!

Então... Deus deu um jeito nisso: me tirou da minha maior zona de conforto. O lugar que eu mais amei na vida, do qual eu sempre sentia saudades quando viajava. Me tirou também de perto dos meus relacionamentos confortáveis: minha família, meus amigos de uma vida... de pessoas com quem eu me identificava sem fazer esforço. E acabava me tornando amiga íntima daqueles que me faziam sentir melhor, não necessariamente daqueles a quem eu queria que se sentissem melhor...

Também a zona de conforto na obra de Deus ficou pra trás: participava ativamente de um grupo de convivência que tinha ótimos líderes, recebia palavras sábias e profundas de pessoas simples e que eu admirava o tempo todo... tinha voltado a participar do alfa e ômega no Rio, lugar onde o movimento é muito bem estabelecido e não para de crescer.

Então foi aí que eu entendi claramente o que essa zona aí quer dizer.
Ela corresponde a um lugar em que você não precisa fazer nenhum esforço, fora aqueles básicos da vida: levantar, ir trabalhar/estudar, comer, dormir. Um lugar onde tudo é muito mais fácil e simples, onde a sua maior preocupação acaba sendo o seu próprio bem estar, já que tudo à sua volta parece tão calmo e tranquilo. É um lugar onde o bem estar de quem está à sua volta não é tão importante, onde você não percebe o quanto pode fazer pra ajudar a trazer mais alegria e paz para o mundo. Pois, aos seus olhos, isso já acontece, já está confortável. Não precisa mudar.

Deixar isso dói. Dói abrir mão de você. Dói te tirar do centro, parar de achar que o mundo tem a obrigação de te trazer tudo de bom, já que você é uma pessoa tão boa e merece.

Mas é bom enxergar. Afinal, todas essas coisas que doem deixar, doem porque são frutos de uma cegueira diante da vida, diante de nós, do propósito para o qual fomos criados. É bom ver Deus mudando meus conceitos de felicidade, é bom passar a valorizar mais as coisas simples e tão fundamentais: saúde, família, comida, oportunidades que são concedidas a todo instante... é bom. Tudo o que Deus faz é bom. O melhor é conhecer mais profundamente a esse Deus bom.

Na hora da dor da saída da zona de conforto, Ele traz algo fundamental: o conforto. Ele fere, mas cura... Ele permite tristezas, pois elas são a matéria-prima das alegrias.
Como um Pai amoroso, Ele me põe nos braços e me faz lembrar que sou só uma criança. Só uma menina, uma aprendiz. Que precisa desesperadamente dos Seus braços tão cheios de amor, onde o verdadeiro conforto e paz estão.
De novo: porque Ele é bom.

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